O porão

Um dia, nos bons tempos de minha infancia, eu criei coragem de entrar num porão que temia até passar perto. Em minha imaginação de menino aquele era um local proibido para mim, um reino de fantasmas e mistérios, habitado por espiritos e almas penadas que se escondiam entre as sombras e atraz dos objetos que a muito tempo foram ali jogados e apodreciam pela força do tempo. Caminhando a passos lentos naquele ambiente, o folego quase que parado, amedrontado, o coração batendo forte e em cada lugar do qual me aproximava daquele ambiente, parecia que algo
iria saltar ou me pegar. E assim correram os minutos que mais me pareciam horas. Após algum tempo e nada de mais ter acontecido, peguei mais confiança em mim e intimidade com o local. Depois outros dias se seguiram em que eu entrei no porão e, ao constatar que nada de mau me acontecia, me acostumei a entrar naquele porão. Acho que a vida é assim: "Um porão que tememos mas temos de visitar e pesquisar, temos de ter coragem para enfrentar o mundo em que vivemos, ele é cheio de surpresas e maus presságios. A vezes em que não temos coragem de sair nem da porta para fora." Hoje eu sei que quando era criança o porão era talvês o lugar mais seguro para mim. Hoje sei que o mundo é mais perigoso para mim; o mundo hoje é o meu porão que tanto temo, cada dia que passa descubro novos perigos mas também aprendo a supera-los. E assim será todos os dias da minha vida, até que um dia eu não tenha mais como entrar no porão.

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